quarta-feira, 18 de novembro de 2009

POESIA REFERÊNCIA

quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Estas poesias retratam em períodos distintos situações que qualquer tipo de esquizóides urbanos (políticos – classe que no geral não presta e nós – ditas pessoas de “carne fraca”) interferem na vida de todos nós.
A poesia “Sombras do censor” e “1964” trazem como tema a ditadura que levou 40 anos de pura tortura, impunidade e pessoas “desaparecidas” e mortas. É um registro de seus anos encravados com sangue em nosso país.
“A Feijoada” mostra como o político age para se eleger dando ao povo a alegria de uma feijoada e uma indigestão de promessas não compridas. É uma boa ilustração do processo na conquista de votos.
Finalmente a poesia “É uma porra!”, é um desabafo. Retrata todos os tipos que representam a parte “podre” do país e sua engrenagem que faz do Brasil ser o que ele é: país dos roubos, da corrupção, da sujeira e principalmente da impunidade!


SOMBRAS DO CENSOR

Não queremos que nos vele
Com seus olhos cansados, mas atentos
Nem mesmo pronuncie verbos imperativos
Como quem conta sempre as novidades
A mesma conhecida por tantos
E já foram tantos sumidos.




Nosso desejo clama ainda por liberdade
A liberdade do pensamento livre
Das palavras faladas e escritas
Dos gestos simples e nobres
Do Direito e do esquerdo
A escolha do caminho.

Sua violência colorida
Corpos em meio à vermelhidão
De perto é o pau-de-arara
Esquecidos o que serão?...

Pessoas torturadas
Num escuro porão
Mortas em meio aos gritos:
- Não!


Quem sobreviveu chora só em lembrar
Quem fez a ditadura nega a falar
No mundo do lado de lá
Das ameaças e sua arte de matar
Assim desapareceu de algum lugar
Alguém que vivia a sonhar.

Leon Danon - 26/11/2003



1964 – O PESO DOS 40 ANOS

Toda visão teve de ser cega
Toda linguagem completamente muda
Toda atitude sempre repreendida à força
Toda cabeça vazia e oca.


Foi o ano que tudo parou à violência
Livros caçados e escritos às escuras
Nada de leitura e nada de palavras
Consciência livre somente trancada.

Como proibir o que surge espontâneo?
Como reprimir a mais fina flor, a liberdade?
Como questionar pensamentos e idéias?
Como querer dizer o que deve ser feito?

Tanta gente nas ruas e o país era ativo
Passeatas, comícios em discursos panfletários.
Nas cidades as manifestações populares
Tantos filmes e teatros censurados.

Deposto presidente
Por terra foi toda uma ideologia
Exiladas todas as esperanças nas pessoas
Nos quartéis à revelia do golpe.

Já fazem quarenta anos de estragos
Pelo efeito ditadura no nosso país de agora
Não mais existem resistências nas ruas
Mas uma massa de ignorantes lota as praças.

Lavagem cerebral também se comemora
Coisas estrangeiras que induz a coisa nenhuma
Diante da televisão são muitos
Nova ordem no Brasil: Reality Show Big Brother!

A verdade é que perdermos a rota
Acabou toda efervescência de um povo
Nos bares o futebol é o único tema
Em todas as casas: novelas.

Queremos ter nossos heróis de novo
Queremos ver a política do cinema novo
Queremos cantar nos festivais canções de protesto
Queremos a verdade em nossa própria língua.

Um país e sua identidade
Um povo na vida “caminhando e cantando”
Mostrando seu desejo por inteiro
Tirando todo o peso de 1964.

Leon Danon - 08/04/2004



A FEIJOADA

Que venham as carnes
Que venham os grãos
Que venha toda comida
Para ser bem servida
A transformação do voto seja bendita
Pelo prato dado pelo bom cidadão.


Em cada mão, o garfo
Em cada boca, o feijão
Em cada barriga, a urna
E ao candidato, a sua merecida eleição.

De onde vem tanto recurso?
De onde vem tanta promessa?
De onde vem a mentira pura?
De onde vem a boca dura?
Desde político ainda verde...

Enquanto come teu sonho infame
Regado a uísque e cerveja de latinha
Registra-se tantos bobos
Com a camisa do candidato
Na manipulação política
Da feijoada oferecida
Em troca do seu voto.

Leon Danon - 24/09/2004


NOTA:
Inspirada na feijoada oferecida pelo candidato a
Vereador – ELIAS ROBERTO Nº 28.000 do PRTN (Salvador/Bahia/Brasil)


UMA PORRA!
É UMA PORRA!

Aqui é um país dos roubos
Da corrupção e da sujeira
Fazendo todo ladrão impune
Quando lava todo dinheiro
Fugindo para o estrangeiro
Dando uma banana para o país.



Aqui tem policial e traficante
Comendo, dormindo e dividindo...
Toda droga e as armas que vem surgindo
Fuzil, metralhadora e semi-automática...
São crianças com seus trinta e oito
E tantos adolescentes de vida perdida.

A violência cresce na forma de raíz
Invade todos os lares fazendo vítimas
Pessoas de peito fechado estão ficando secas de sentimento
Lares trancados com suas balas perdidas no quarto
A paz longe de todos os lugares é espelho quebrado
A guerra só trás apenas e somente mortes, além da estupidez.

Aqui a televisão deforma bestificando
Já são milhares de big brothers teleguiados
E para onde foi a educação?
O censo entra nas casas manipulando respostas
E o governo apresenta pesquisas forjadas
Tentando eleger seu candidato.

O clone está solto pelas ruas
Tentando desfazer suas próprias dúvidas
Morte ou vida e quanto tempo terá sua idade decadente
Aqui no Brasil temos o Albieri, aquele doutor confuso.
Que mentiu, escondeu e quer ser entendido...
Num caso irreal de uma novela.

Ainda temos a justiça comprada
Por aqueles cidadãos que não levam o país a nada
Crescente índice de pobres e miseráveis
Crescente índice de obras públicas
Sempre os mesmos políticos e seus empresários
A trocar conchavo, favores e comissões.

Como não vê o que se passa
Dentro e fora das casas
Mulheres, filhos e cidadão.
Teremos de torcer pra seleção
Ficar com a glória mais insólita do mundo
E haja vibração!!!

Se foram todos os heróis
Mortos ou sumidos pelas fardas
Como há de ficar seu povo
Sem palavras, sem ideologia e sem religião?....
“Vida de gado” gente marcada
Pessoa infeliz...

Que o sertão vire mar com toda reza
A matar sede dos desvalidos do Nordeste
Possa também a semente ser logo o fruto
E não seja somente o torrão, o alimento e o pão...
Mas cada dia se morre de fome com a dor da ilusão
Mas cada dia sai um pau-de-arara num “Adeus Rosinha”

E é por isso que todo sonho
É o avesso do sentimento
É o esforço de fazer a vida colorida
Socar em ponta de faca o nosso dia-a-dia
E às vezes desabafar num grito para abalar as estruturas
É uma porra!!!

Leon Danon - 09/05/2002

2 comentários:

PAULO GOMES

Excelentes!
Seus poemas estão cada vez mais maduros e bem elaborados.
parabéns amigo!

Anônimo

Valeu amigo! E vamos em frente... Muito obrigado

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